O oráculo. Invenção humana que ganha respaldo se
creditada ao divino. E como nos impressiona. Lá estão as respostas. Mas quer
saber? Durante o plantão de hoje acabei estabelecendo que os oráculos continuam
sendo o que são, só que a era atual se caracteriza pela forma como lidamos com
os mensageiros do futuro. A época atual difere das anteriores por um fato
simples. Hoje, tão importante quanto saber a resposta do oráculo é a busca pela
pergunta adequada.
Claro que nosso oráculo é a rede mundial de
computadores. E a nova era – a de
Aquárius ninguém sabe ninguém viu... – é a do comodismo informacional. A
informação é um perdigueiro, que busca de forma incansável seu destino. Hoje, o
destinatário senta e se refestela em meio a dados e alertas informativos. Eis a
razão (ou uma das razões) pela qual o oráculo sedento de respostas corre o
risco de limitar-se a responder a um número restrito de perguntas. Quando pode
mais, muito mais que isso.
Qual o propósito dessa reflexão? Bom, em algum
momento tinha que preencher estas páginas, virtuais, com filosofia de botequim.
Sente aí, tome mais um gole, seja feliz e diletante.
E o fio da meada de tudo o que está aqui começou
com a voz sussurrante de Chet Baker. Que, se forem procurar na rede, saberão
que pode ter sido a influência fundamental de João Gilberto e sua vozinha bossa
nova – é possível encontrar controvérsias, claro (onde mesmo?).
Ao escutar Chet Baker, fiz um mea culpa sobre as limitações da
humanidade. Ao ouvi-lo acompanhado de Stan Getz, simplesmente vi que a raça
humana é capaz de prodígios do quilate daqueles caras. Acabei indo mais a fundo
no prodigioso universo da vida da música de acabei sabendo: um dia, um sujeito
chamado Pitágoras esticou uma corda, percebeu que exatamente metade dela
estaria o que depois de tudo foi chamado de “oitava”. E criou o sistema capaz
de dar elementos para a sistematização da música. Entendam!!! A alma ganhou
voz.
Outro pensamento que me foi ofertado pela net
diz que a música, em si, não é arte. Mas a sua execução o é. Ou seja, domar
vibração e fazer arte é elevar o estatus tão combalido desta tal gente.
Aí, se me peguei descobrindo que foi Pitágoras e
seu monocórdio que meteram o cérebro na história da música, decidir sentar a pua
no oráculo. Quis saber quem deu o nome de Sol à nota musical Sol. Eu tinha a
pergunta, e o oráculo a resposta: foi um frei Beneditino.
Guido D´Arezzo que teve a ideia. A lógica é
simples. Pegou as sílabas iniciais de um hino a São João Batista (Ut queant
laxis / Re sonare fibris / Mi ra gestorum / Fa muli tuorum / Sol ve polluti /
La bii reatum / Sancte Ioannes) e com elas nominou o que hoje conhecemos como:
Dó= Ut (como era de difícil solfejo, o Ut saiu e
ficou Dó);
Ré= (Re sonare)
Mi= (Mi
Ra)
Fá= (Fa
muli)
Sol= (Sol
vê)
Lá= (La
bii)
Si=( Sante Iohannes).
Fabuloso! É a alma falando do resultado de um
diálogo produzido com a divindade via oráculo. Mas estamos a cada dia mais
parecidos a repórteres que conseguem uma entrevista com Deus e, ao chegarmos
lá, o tradutor não tem respostas a dar porque não há perguntas. O que me leva à
última conclusão: o sobrenatural não mais é do que um grito de um Deus enjoado
de se manifestar pela sutileza a tantos míopes.
Vendo longe assim, será que realmente há
necessidade de um oráculo para nos dizer do amanhã?
“Ó homem, conhece-te a
ti mesmo e conhecerás os deuses e o universo- inscrição no Oráculo de Delfos”.
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