
A rainha ficou nua. Não desnuda como nos entalhes sensuais de nossos amores construídos em minhas lembranças. Ficou sem os mantos que irretocáveis memórias de dias felizes e lúbricos lhe haviam consagrado. Girassóis de pétalas e talos ressacados despencando dos seus cabelos.
E a memória gritou. Fundo de garganta estuprado pelo grito da vergonhosa dor de quem conseguiu manter apenas os saltos, apesar das pernas amputadas. Luz sobre quarto escuro, perfumado, cujas essências deixavam em planos secundários morcegos e traças de voos silenciosos, soturnos.
Aí de mim, foto, que fez da poesia redentora - a cada resgate de lembrança - um epitáfio.
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