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quinta-feira, 3 de março de 2011

PERDIDO...





De outro dia, foi uma carteira. Inúmeras vezes, celular. Há algum tempo, porém, vinha sentindo uma ausência estranha. Procurar o que se esquece é périplo espinhoso. E como explicar algo que se busca sem ao menos ter noção do que seja – apenas, sabe-se, sente-se a falta.


Extraviado, tentei registrar em ocorrência policial a notícia de minha perda. Em qual esquina havia perdido meu sentido, minha orientação, minha lógica. Mas fiquei impedido de registrar meu descaminho já no preenchimento de dados básicos.


Se havia um endereço, eu não tinha um lar. Se tinha um emprego, não me sentia servidor em nenhuma profissão. O que dizer de pai e mãe. Não os reconhecia no emaranhado de letras que, ao final, compunham seus nomes.


Fiquei apático, passivo, diante do choque ao constatar que não tinha mais liames , ligações, que são, ao cabo de tudo, a matéria responsável pelo ser humano. Somos isso: moléculas de carbono e relacionamentos. E os meus haviam se desintegrado diante das contradições que se me impunham e eu não podia sorver. Rachei diante da multiplicidade de sentidos que afrontavam minha interpretação coerente dos fatos.


E agora?


Já não sei.


Só há sentido na vida se tivermos condições de preencher de forma coerente um formulário. Minha mão anda trêmula demais para tal exercício. Não sou nada. Já que sou apenas um rabisco.

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