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sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

UM INFERNO MAIS EMBAIXO


Havia uma menina chamada Corá. Ela termina a história se chamando Perséfone. Sua mãe era Ceres.  Que não era uma mãe normal, era deusa da agricultura na mitologia romana. O pai não ficava atrás, era o todo poderoso Júpiter. Ocorre que um tal de Hades – que era nome dado a um deus e ao local para onde se dirigiam os mortos depois de, evidentemente, morrerem.

O Hades, local, era o espólio de guerra de Hades, o deus. Assim como os oceanos eram o espólio de guerra de Neptuno – divisão realizada depois da batalha vencida com os titãs. A vitória dos deuses olímpicos sobre os titãs representou, dentro da História ocidental, o momento em que a racionalidade passa a vencer os instintos. Assim sendo, dentro dos limites “jurisdicionais” de Zeus não se incluíam nem os oceanos nem o reino dos mortos. Apenas a terra dos homens e a morada dos deuses olímpicos. Ocorre que, dia desses, Corá, bela e inocente fazia um passeio quando cruzou o caminho de Hades, que, acuado pela súbita paixão, arrebatou-a para seus domínios.

Sem encontrar a filha, Ceres cai em depressão profunda. O período culmina com um momento de fome entre os homens. Preocupado, Zeus pede a intervenção de Hermes, deus ligado ao dom da palavra, para que tente convencer Hades a deixar Corá voltar para Ceres. Obtém sucesso parcial. Hades permite que Corá veja a mãe apenas durante um período do ano, o restante deverá ficar ele. A situação, dizem, gerou a diversidade das estações do ano. O período em que Ceres e Corá estão juntas corresponde ao período do plantio e da colheita. A separação, residualmente, ao do estio. Importante: de toda a História, que pode ter confundido nomes romanos e gregos de deuses, vá lá, sobra o mito. O mito de Perséfone. Isso porque, para sair do Hades, Corá teve que transmutar seu lado humano em divino. Assim, retornou dos infernos, sem morrer, e com o nome de Perséfone.

Na astrologia ocidental, o mito de Perséfone raptada corresponde ao mito do signo de virgem.

A intimidade virginiana com idas e retorno dos infernos acabou chamando a minha atenção ao ouvir o inconfundível Charlie Parker, gênio do jazz. O homem que se entupiu literalmente de heroína e, de abraço em abraço no capeta, fez da dor sua eterna morada.

O inferno de Bird, apelido de Parker, foi a versão bebop dos corrimões pelos quais desceu tantas vezes Amy Winehouse. Degraus cujos pés de Freddie Mercury percorreram.

E não haveria como deixar de citar Micheal Jackson e Jesse James. O primeiro o mais funesto caso de uma vítima da cultura pop; o segundo, um bandido capaz de dar as costas ao seu algoz. E como se a vida parecesse a cada um deles uma licença poética ao inferno. Intimidade? Não sei até onde chegariam. O inferno, no caso da relação desses nativos de virgo, é mais embaixo.

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